Humanismo
– Gil Vicente “o auto da barca do inferno”
O
Humanismo foi um período de transição entre o fim da Idade Média e a Idade
Moderna, caracteriza-se pelo crescimento das cidades e o enfraquecimento do
feudalismo. Com a perda de poder dos senhores de terras, os reis se aliam aos
burgueses, principalmente comerciantes, passando a dividir com a Igreja o poder
político.
É
um período iniciado em 1418, quando D. Duarte nomeia Fernão Lopes como
guardador da Torre do Tombo, o arquivo central do Estado Português desde a
Idade Média, e termina quando Sá de Miranda retorna da Itália, em 1527,
trazendo para Portugal a cultura clássica.
Historicamente
o Humanismo foi um movimento intelectual italiano do final do século XIII que se
irradiou para quase toda a Europa, isto porque, após a queda de Constantinopla
em 1453, muitos intelectuais gregos entre eles professores, religiosos e
artistas, refugiaram-se na Itália e começaram a difundir uma nova visão de
mundo, mais antropocêntrica, indo de encontro à visão teocêntrica medieval. O
termo Humanismo é polissêmico, podendo ser considerados sob vários enfoques, ao
mesmo tempo distintos e interdependentes.
O
teatrólogo e ator português Gil Vicente é fruto desta época, criou o que se
convencionou chamar de teatro vicentino, caracterizado pelo poder da sátira.
Sua biografia repleta de incertezas se dá aproximadamente entre 1465 e 1536, no
contexto do que se convencionou chamar de Humanismo. Gil Vicente cresceu nesse universo, escreveu autos,
comédias e farsas, em castelhano e em português. São conhecidas 44 peças, 17 em
português, 11 em castelhano e 16 bilíngues.
Gil
Vicente foi o primeiro que fez com que Portugal, em suas encenações, usasse o
texto, e também foi um dos maiores poetas da época e um dos autores mais
originais do Quinhentismo europeu. Gil Vicente foi tido pelos espanhóis como um
dos maiores autores que escreveu em Língua Castelhana, como um dos iniciadores
da altíssima poesia dramática de vários outros autores.
Pouco
se sabe sobre a vida de Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno. Ele
teria nascido por volta de 1465, em Guimarães ou em outro lugar na região da
Beira. Casado duas vezes, teve cinco filhos, incluindo Paula e Luís Vicente,
que organizou a primeira compilação das suas obras.
Entre
os autos, a Trilogia das Barcas (Barca do Inferno, 1517; Barca do Purgatório,
1518; e Barca da Glória, 1519) reúne peças de moralidade, que constituem uma
alegoria dos vícios humanos; e o Auto da Alma, de 1518, encena a
transitoriedade do homem na vida terrena e os seus conflitos entre o bem e o
mal. As farsas, como Quem Tem Farelos?, 1515; Mofina Mendes, 1515, e A Farsa de
Inês Pereira, 1523, realizam quadros populares de força moral e simbólica, num
tom cômico mais contundente.
Voltando á falar da obra escrita em 1517, O
Auto da Barca do Inferno é das obras mais representativas do teatro vicentino.
Como em tantas outras peças, nesta o autor aproveita a temática religiosa como
pretexto para a crítica de costumes. Num braço de mar estão ancoradas duas
barcas. A primeira, capitaneada pelo diabo, faz a travessia para o inferno; a
segunda, chefiada por um anjo, vai para o céu. Uma a uma vão chegando às almas
dos mortos um fidalgo, um onzeneiro (agiota), um parvo (bobo), um sapateiro, um
frade (padre) levando sua amante, uma alcoviteira, um judeu, um corregedor
(juiz), um procurador (advogado do Estado), um enforcado e quatro Cavaleiros de
Cristo (cruzados) que morreram em poder dos mouros. Todos tentam evitar a barca
do diabo. Mas apenas o parvo e os cruzados conseguem embarcar para o céu.
Se
Gil Vicente criasse esta mesma obra nos dias de hoje, ele fazeria as seguintes
comparações dos seus personagens, sempre criticando as classes da sociedade, isso
tudo serve para nós refletirmos nos tipos de pessoas q podemos encontrar atualmente,
pessoas q se ligam a valores materiais e esquecem-se dos valores espirituais,
esquecem-se q esta é uma vida passageira, começando com o fidalgo ele seria uma
pessoa que participa da nobreza ou
seja da classe alta, que são as pessoas que possuem o pecado da luxuria as
mesmas pretende privilégios,
precisa ter alguém para servi-lo deseja ser tratado com cortesia. O frade que
seria os padres da nossa igreja, que mesmo dando o seu voto de castidade acabam
desviam e corrompendo este voto com a igreja, mas tudo isso escondidos, pois
muitos acabam abusando sexualmente de crianças que geralmente são coroinhas das
paróquias, outros se deixam levar para os vícios de bebidas e até mesmo ao
pecado da carne, o desejo sexual. Temos também o onzeiro que se espelha nos
comerciantes que adoram roupar com preços de suas mercadorias muito altos sobre
as pessoas físicas, também aqueles que sonegam impostos assim roubando do
governo, sem contar que aos próprios políticos se encaixam nesta
característica, pois adoram roubar o dinheiro dos cidadãos e ainda compram
votos do povo. E a outra comparação é da alcoviteira, que são as prostitutas,
que se prostituem para arrumar dinheiro pois segundo elas é uma forma gostosa e
rápida para se arrumar dinheiro.
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